Viva Rio em uma ação de distribuição de alimentos em áreas pobres do Rio de Janeiro – Foto: Acervo
11/2/2022
Nesta sexta-feira (11/02), se comemora o Dia do Antropólogo. A antropologia é uma ciência social que estuda o ser humano e seus comportamentos em sociedade, seus hábitos, crenças, costumes e linguagens, por exemplo. Esse trabalho se relaciona com o do Viva Rio, presente nas favelas do Rio de Janeiro e em áreas periféricas do Haiti com seus projetos sociais e pesquisas.
De acordo com um dos fundadores do Viva Rio, o antropólogo Rubem César Fernandes, a antropologia precisa entrar na cultura do grupo estudado, conviver com as pessoas para ser capaz de traduzir seus costumes. Essa posição de mediador dialoga com a filosofia de trabalho do Viva Rio.
“Na antropologia você precisa entrar na cultura, morar com o grupo estudado e ser capaz de traduzir para outro público o que aquela tribo pensa e como vive. Essa ideia de diversidade de crenças, linguagens e culturas, eu trouxe para o estilo de trabalho do Viva Rio. Aqui nós temos esse papel de mediador entre culturas. Essa capacidade de estar em vários ambientes, às vezes contraditórios, é uma das características importantes do Viva Rio. A gente sempre explorou essa diversidade.”
A relação do Viva Rio com diferentes camadas sociais está presente desde o seu nascimento, há mais de 28 anos. Surgiu como um movimento que reuniu pessoas significativas da imprensa, dos sindicatos de trabalhadores, das favelas, da cultura e esportes e da indústria e do comércio. E desde então, tem projetos e campanhas em parceria com diversas áreas e pessoas da sociedade.
Essa relação da antropologia com o Viva Rio também se manifesta de forma marcante no Haiti, com as pesquisas e projetos sociais realizados, principalmente, na região de Bel Air, bairro pobre do país. O antropólogo do Viva Rio que atuou por muitos anos nessa região, Pedro Braum, explica como acontece a implementação dos projetos em Bel Air.
“A antropologia se consolida a partir da sua relação com o outro, que não somos nós, ou seja, povos indígenas, populações das favelas e associações camponesas, por exemplo. O que se relaciona com a forma como são implementados os projetos do Viva Rio Haiti, a partir da proximidade com as comunidades onde atua, mantendo suas sedes nesses territórios, recrutando pessoas de dentro das comunidades e se relacionando com os grupos sociais que vivem nas regiões”.
Segundo ele, as pesquisas são parte essencial para a implementação correta dos projetos. “Pesquisas sobre lixo e água eram focos de intervenção de onde saíam projetos específicos feitos pelo Viva Rio. No caso da água, serviam para entender como era o consumo, a importância, as formas de distribuição e venda, os usos domésticos e as diferentes fontes. A partir dessas informações, surgiam ideias, eram elaborados projetos além de ser uma forma de contribuir para o conhecimento das regiões”, conta.
A proximidade do Viva Rio com seus locais de atuação não acontece só no Haiti, no Rio de Janeiro, sempre manteve suas sedes próximas – ou dentro – das favelas, onde tem projetos sociais, culturais e educacionais. “Na antropologia a abordagem é feita de dentro, com a inserção no local e diálogo com os moradores. O Viva Rio, desde o início, buscou ter sua sede e locais de trabalho dentro das comunidades e se relacionar com as pessoas de dentro”, lembra Rubem César.