10/12/2015
Quase dois anos de um programa vitorioso. Essa foi a avaliação do projeto Casa Viva feita pelo subsecretário de Proteção Social Especial da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social, Rodrigo Abel, durante a festa de encerramento realizada na manhã de quinta-feira (10), no Viva Rio.
Antes da etapa de avaliação final, a garotada, vinda das unidades do projeto de Bonsucesso, Penha, Jacarepaguá, Del Castilho e Bangu, se esbaldou. Cantaram e dançaram como se não houvesse amanhã sob o comando da mestre de cerimônias K.S., 15 anos, da unidade Penha. “Projeto Casa Viva é oportunidade / Adolescente em busca da vitória e da verdade”, repetiam os jovens, o refrão em ritmo de RAP.
Comandado por Preto Zezé, presidente nacional da Central Única de Favelas (Cufa), o evento foi o último do ano de uma série de oficinas batizadas Gíria não, Dialeto!, que originaram uma plataforma de possibilidades para o projeto, definido como uma casa sem grades e com acolhimento. Entre as linhas adotadas a partir deste encontros estão a participação dos adolescentes; a potencialização das oficinas; a aposta e promoção do lado positivo de cada um; a continuidade da assistência ao jovem mesmo depois que ele sai do projeto; e a busca de novas oportunidades.
Os próprios participantes colocaram em prática um resultado do projeto: trouxeram e venderam, durante e depois do evento, os pães artesanais que eles próprios confeccionaram. Entre as propostas dos adolescentes para as próximas oficinas estão o Passinho, DJ, Grafite, Rádio e Cabeleireiro.
Um dos pontos altos do encontro foi o depoimento e o vídeo clipe Soldado Morto do rapper e escritor MV Bill, um dos fundadores da Cufa. Nascido na Cidade de Deus, ele descreveu sua infância como padronizada: “preto, pobre e morador de favela”. O artista explicou aos jovens que saiu da violência através da música. “Qualquer um de vocês pode ser doutor, médico e juiz, mas para isso é preciso estudar. A música me deu uma chance de discutir os problemas da favela onde eu vivia”.
Mais forte do que suas palavras, porém, foi o clipe que exibiu, Soldado Morto, farto em imagens de drogas, armas e tráfico, com o refrão ele só queria viver, ele só queria sonhar. “Noventa e nove por cento dos que aparecem no filme morreram. Eles achavam que lutavam por uma facção, que sequer pagou seus enterros”, denunciou.
Sempre em clima de festa, o evento terminou com muita alegria e comilança: sanduíches, bolos e sucos para todos.
Projeto Casa Viva
O projeto Casa Viva é especializado no acolhimento de jovens que fazem uso abusivo de drogas, principalmente de crack. Criado em 2008 pela Prefeitura do Rio de Janeiro, o Casa Viva passou por um processo de ampliação, agregando os setores de saúde, educação e desenvolvimento social. Em cada casa moram até 20 crianças e adolescentes, de até 17 anos, que dispõem de sala de informática, biblioteca, salas multiuso com jogos e brinquedos e área de convivência. A ideia é que as unidades promovam a ressignificação das vidas desses meninos e meninas e ajudem na sua gradual reinserção familiar e comunitária.
(Texto: Celina Côrtes|Fotos: Amaury Alves e Tamiris Barcellos)