30/11/2015
A equipe sub-20 de futebol haitiana dos Pérolas Negras será a única estrangeira a se apresentar na próxima Copa São Paulo de Futebol Júnior. A chamada “Copinha” será realizada entre os dias 2 e 25 de janeiro. Os atletas, com idade média de 18 anos, jogam dia 3 de janeiro, no estádio considerado uma reserva moral do futebol de raiz de São Paulo: o Conde Rodolfo Crespi, na Mooca.
Os Pérolas Negras serão os grandes homenageados da festa realizada na quinta-feira (17), em comemoração aos 22 anos do Viva Rio. A celebração será a partir das 17h na quadra do Grêmio Recreativo Escola de Samba São Clemente, na Cidade Nova. Ao fazer a doação de R$ 15, os funcionários terão direito a dois convites e dois tickets de bebidas. Todo o resultado da festa será revertido para a construção do núcleo brasileiro da Academia de Futebol Pérolas Negras, que vai assistir brasileiros e haitianos entre 17 e 23 anos.
A chave dos Pérolas Negras, segundo a Federação Paulista de Futebol (FPF), é a que tem mais “carisma” no campeonato. O anfitrião da Copinha é o Juventus da Mooca, o Moleque Travesso, que não tem conseguido bons resultados. A equipe haitiana enfrenta ainda o São Caetano, que terá torcida presente. O América-MG completa o grupo. O Pérolas, no entanto, deverá contar com o entusiasmo de torcedores, como ocorreu em 2015 em um mata-mata na Javari, com a chegada de curiosos para conhecer o time que tem tudo para ser o queridinho da competição.
Perfil da Academia Pérolas Negras
A Academia Pérolas Negras está localizada na região de Bon Repos, ao norte de Porto Príncipe. O complexo dispõe de quatro campos de futebol, uma piscina, uma área de ginástica e pode acomodar até 110 atletas – meninos e meninas – que lá vivem, estudam e se tornam profissionais de futebol. Os atletas são supervisionadas por uma competente equipe técnica. Formar atletas haitianos, promover os talentos locais em competições internacionais, aumentar a empregabilidade dos técnicos, perpetuar o legado do futebol no Haiti e, acima de tudo, promover a inclusão social e a cidadania a partir do esporte. Estes são os objetivos do Viva Rio com o projeto.
Segundo o diretor executivo do Viva Rio, Rubem César Fernandes, “os jovens ficam de segunda a sábado na Academia. Treinam de manhã e à tarde e fazem cinco refeições por dia”. Ele acrescentou que o Centro de Treinamento começou a ser construído em 2009, mas foi afetado pelo terremoto de 2010. “Recuperamos o trabalho e terminamos as obras em julho de 2011”.
Como se trata de uma equipe amadora, a expectativa é a de que eles consigam atrair a atenção dos clubes brasileiros, recebam oportunidades para jogar no país e, assim, se profissionalizem para viver do esporte. O convite para a participação na Copinha foi concretizado após conversas entre o Viva Rio, o Ministério das Relações Exteriores (Itamaraty), a Federação do Haiti e a FPF. A intenção da equipe é usar a competição como “vitrine” para os jogadores.
Até hoje, o clube fez três viagens internacionais. Esteve na Noruega em 2013 e no Brasil duas vezes, no ano passado e neste ano, ambas para disputar torneios amadores. O Pérolas Negras tem times a partir de 12 anos, mas não dispõe de uma equipe profissional. Essa é uma das preocupações, já que os atletas que vão jogar a Copinha estão prestes a atingir a idade limite da última categoria (sub-20).
(Texto Celina Côrtes | Fotos: Vitor Madeira)