Os colaboradores da sede do Viva Rio tiveram nesta quarta-feira (27), uma manhã dedicada a refletir sobre que cuidados têm tido com a própria saúde, no Salão Pablo e Ana.
Conhecido como Outubro Rosa, o décimo mês do ano foi escolhido, nos anos 1990, nos Estados Unidos, como um período de intensificação de campanha de conscientização para a importância da prevenção e do diagnóstico precoce do câncer de mama.
“Nas comunidades, a presença das mulheres é fortíssima. Quando filhos e maridos são ameaçados, elas peitam”, lembra Rubem César Fernandes, diretor executivo do Viva Rio que tem mais mulheres do que homens em seu quadro de colaboradores atualmente. Por isso, a instituição desenvolve projetos exclusivamente para elas. Rubem citou o Projeto de Acompanhamento e Monitoramento de Gestantes de Alto Risco na região da CAP. 3.1, parceria entre as coordenações da área técnica da Secretaria municipal de Saúde do Rio de Janeiro e a Ouvidoria, lançada no início de julho deste ano.
Quanto ao câncer de mama, a preocupação não é à toa. A previsão é de que haja, em 2015, 57.120 casos de mulheres diagnosticadas no Brasil com nódulos cancerígenos. Os dados foram apresentados pela médica do trabalho Ione Ferreira, que falou aos colaboradores sobre fatores de risco, tipos de câncer e, principalmente, a importância de se diagnosticar no estágio inicial da doença. “É o tipo de câncer que mais atinge as mulheres, justamente nos seios, o órgão ligado à dignidade e à afirmação”.
Câncer ou canseira
“É importante vencer o preconceito e o estigma que ainda rondam este assunto. Vamos nos desarmar e enfrentar as dificuldades de falar e lidar com esta doença”, pediu a coordenadora de Saúde e Desenvolvimento Social do Viva Rio, Ana Schneider. Para ilustrar a falta de acesso à informação que ainda acomete a população, Ana, que é médica e se especializou para ajudar mulheres a prevenir o câncer de mama , contou que quando percorria o interior “para conversar olho no olho com mulheres da zona rural”, ouviu ao perguntar a uma delas se ela sabia de que sua mãe falecera: “Foi câncer?” “Não sei, doutora, mas acho que sim, ela andava com uma canseira…”. Seria engraçado se não fosse trágico.
“Melhor tratamento é o diagnóstico precoce”
Para Cibele Dias, coordenadora do Voluntariado do Viva Rio, que trabalhou como instrumentadora em centros cirúrgicos, é preocupante a verdadeira obsessão de algumas mulheres com a questão estética quando o assunto são o seios. “É legal ficar bonita, mas o mais belo é estar bem com a saúde e com o corpo”, opina.
Enfática, Ione Ferreira alerta para os fatores de risco aos quais se deve ter mais atenção. Alguns deles, como má alimentação, uso abusivo de álcool e outras drogas, sedentarismo, reposição hormonal e uso de pílula anticoncepcional podem ser controlados e modificados. Outros, como ter tido a primeira menstruação antes de completar 12 anos, nunca ter engravidado ou ter casos de nódulos benignos nos seios, além do histórico familiar da mulher, são independentes da vontade pessoal. “Não há por que se desesperar, mas há, sim, que se sair daqui preocupada e disposta a tomar as medidas necessárias”.
Outras características como dor intensa nas mamas ou nos mamilos; secreções, inflamações e inchaços de longa duração e aumento gradual; vermelhidão intensa são fatores que exigem maior preocupação.
A hora certa do diagnóstico
Quanto mais precoce for o diagnóstico, maior as chances de cura. Esta é uma opinião unânime entre médicos e pessoas que já ultrapassaram com sucesso um tratamento. “Tumores menores do que um centímetro, ou seja, no estágio realmente inicial, têm 95% de serem eliminados”, diz a médica.
A boa notícia é que o auto-exame pode ser feito em casa e, em muitos casos, é o passo inicial e decisivo para o diagnóstico precoce. “Qualquer alteração na mama que perdure além do tempo esperado é suspeita”, alerta. O autoexame deve ser feito sete dias após a primeira menstruação ou, no caso de mulheres que já estão na menopausa, em um dia escolhido. O segundo passo é ir a um especialista para que ele indique os exames mais detalhados e precisos.
Coragem e esperança
O “Bate-Papo Feminino” contou a participação corajosa de duas mulheres que recentemente enfrentaram a doença.
A fisioterapeuta Roseli Correa Silva, 44 anos, estava acostumada a cuidar de pacientes de câncer. Em 2012, quando a doença venceu sua mãe, ela descobriu um câncer no colo do útero. Fez tratamento e se curou, mas foi surpreendida no ano seguinte com outro diagnóstico que tiraria seu chão: câncer nos seios. Recém operada, ela fez questão de vir dividir sua experiência. “Pior do que a cirurgia e o tratamento é receber a notícia. Minha luta hoje é para que todas as mulheres que cruzarem o meu caminho se comprometam em fazer o auto-exame, cuidar da saúde”, diz ela.
A técnica de saúde bucal do Viva Rio, Márcia Regina de Souza dos Santos, está recuperada. Aos 47 anos, ela passou por uma situação que a deixou mais frágil e insegura ainda. “No hospital, trocaram os meus exames e chegaram a duvidar da minha sanidade mental”, conta ela, que se prepara para voltar ao trabalho na Clínica da Família Clementino Fraga.
A ação contou com a parceria das consultoras da Mary Kay, que ofereceram sessões de maquiagem, design de sobrancelha e limpezas de pele. “A ideia da campanha é mostrar que a mulher deve cuidar da saúde e também não precisa descuidar da beleza!”, explica a coordenadora de Comunicação Interna, Renata Oliveira.
Na quinta e na sexta-feira, a mesma ação se repetiu na Casa Viva da Penha e nas comunidades da Reta Velha, respectivamente.
“Foi muito bom ver as mulheres participando, tirando dúvidas. Tivemos a surpresa de ver uma delas pedindo para fazer o auto-exame depois de assistirem à palestra feita pelos técnicos de enfermagem do Trabalho, Alessandra Rocha e Gabriel Batista. Foi tudo “rosa”, foi tudo “shocking”!”, comemorou o coordenador do projeto Reta, Osmar Vargas.