Complexo da Maré abastece banco de leite da região

As unidades de saúde do Complexo da Maré, administradas pelo Viva Rio e pela Secretaria Municipal de Saúde, são as responsáveis por 53% do abastecimento do banco de leite da Maternidade Herculano Pinheiro, em Madureira, na Zona Norte.  O dado foi apresentado durante o “2º Mamaço Maré”, ação que tem o objetivo de incentivar a amamentação exclusiva até os seis meses de vida dos bebês; e de  estimular que ela se estenda até os dois anos. O evento reuniu mais de 100 mães na manhã deste sábado, dia 22, para as celebrações do Mês do Aleitamento Materno.

Responsável pelo banco de leite da Maternidade Herculano Pinheiro, Mônica Armada informou que a parceria alimentou o posto por três semanas seguidas. “Essa união está possibilitando um auxílio mais rápido para as mães que precisam desse alimento para o bebê”.

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De acordo com Mônica, todo o leite doado ao banco de leite é tratado até ser repassado a algum bebê que necessite | Foto: Paulo Barros

A prioridade no recebimento do leite são os prematuros e os recém-nascidos de baixo peso. Para Mônica, essa escolha é severa. “Precisamos que mais mães participem dessa ação para que não tenhamos que decidir quem deve ou não receber o leite. É importante ressaltar que o leite doado não irá fazer falta para a doadora”. A gestora informou que todo o leite doado ao banco de leite é tratado, pasteurizado e armazenado até ser repassado a algum bebê que necessite.

A idealizadora do “mamaço”, Zilda dos Santos, acredita que as unidades de saúde tem um papel primordial na difusão das técnicas e da importância do ato de amamentar. “O nosso trabalho é mostrar os benefícios que o aleitamento pode proporcionar para as mães, para os bebês e para toda a comunidade, principalmente nos seis primeiros meses de vida”, afirmou.

Entre eles, informa Zilda, estão o poder de nutrição do leite materno; a prevenção de doenças tanto para a mãe quanto para o bebê; a melhora da estrutura emocional, por meio do vínculo com a mãe; e a economia e a sustentabilidade do planeta. Já para a mulher, a amamentação suaviza a hemorragia após o parto; diminui a incidência de câncer e o risco de osteoporose; e reduz as medidas de cintura e do abdômen.

 

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Para Zilda, o leite materno é o melhor alimento que existe para o bebê, pois tem todos os nutrientes que a criança precisa | Foto: Paulo Barros

Para Zilda dos Santos, o leite materno é o melhor alimento que existe para o bebê. “A amamentação também reduz o risco de infecção respiratória e de diarreia, uma vez que é composto por água, proteína, lipídios, vitaminas, minerais e ferro, além de conter propriedades anti-infecciosas e agir no desenvolvimento corporal e cognitivo. Não existe nenhum outro que tenha as proteínas contidas no leite materno”.

Das oito unidades de saúde que atuam no Complexo da Maré, o Centro Municipal de Saúde (CMS) Hélio Smidth já recebeu a certificação de Unidade Amiga da Amamentação e outras duas, o CMS Samora Machel e o CMS Nova Holanda, estão no processo de condecoração. A meta das unidades é chegar à “fórmula zero”, ou seja, o momento em que a utilização do leite de lata não é mais necessária. “Com essa medida, estaremos reduzindo a mortalidade infantil e permitindo que essas crianças levem uma vida mais saudável e duradoura”, afirmou Zilda.

 

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Adriana defente o aleitamento materno e participa ativamente da doação para o banco de leite da região | Foto: Paulo Barros

Parece que as lactantes da Maré estão conscientes do quão importante é priorizar o leite materno na alimentação dos filhos.  Adriana Custódia, 28, é mãe de terceira viagem e é doadora  desde o segundo filho.  Adriana tem um acompanhamento próximo ao Centro Municipal de Saúde (CMS) Samora Machel.  “Minha primeira filha, que hoje tem oito anos, nasceu  prematura e precisei acionar o banco, então estou tentando ajudar outras mães.  Sei que esse leite não faltará para o meu filho mais novo (que tem um mês)”.

A mesma unidade de saúde acompanha Silvana Araújo, 26,  mãe de dois meninos, que descobriu na amamentação uma forma de criar uma ligação permanente com os filhos. “Enquanto amamento, recebo carinho do meu bebê e o retribuo. Este é um vínculo que ninguém consegue quebrar porque é mágico e íntimo”, descreve.

 

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Silvana afirma que ser mãe desperta um sentimento inexplicável | Foto: Paulo Barros

O Ministério da Saúde (MS) recomenda que, até os seis meses de vida, o bebê seja alimentado exclusivamente com leite materno, para que tenha um crescimento forte e saudável. A amamentação é, também, reconhecida pelo órgão como o primeiro direito da criança após o nascimento que, segundo o MS, vai até os dois anos de vida.

Durante o 2º Mamaço da Maré, além das orientações repassadas pelo Ministério da Saúde, foram oferecidas, ao público, diversas atividades. Aula de zumba, brincadeiras com as crianças, distribuição de brindes e a apresentação de um coral da região. Participam dessa ação as Unidades de Saúde:  Hélio Smidth, Nova Holanda, Samora Machel, Parque União, Augusto Boal, Vila do João, Gustavo Capanema e Américo Veloso.

(Texto: Flávia Ferreira | Fotos: Paulo Barros)

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