Capoeira: tecnologia social para reduzir a violência

“A capoeira tirou a raiva e o comportamento ruim que eu carregava comigo por conta dos anos de luta armada”. A frase de Aimé, 17, sequestrado e forçado a se juntar a um grupo armado por dois anos, mostra como o movimento está ajudando ex-crianças-soldado da República Democrática do Congo (RDC) a sanar o trauma de um conflito armado e usar sua energia para a paz.

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Flávio Saudade, coordenador do Gingando pela Paz, ensina capoeira para crianças e adolescentes na Republica Democrática do Congo | Foto: Stefano Toscano – UNICEF

A metodologia aplicada no Congo, mais precisamente em Goma, é inspirada no Gingando pela Paz. O projeto, que o Viva Rio desenvolve desde 2007 no Haiti, utiliza uma abordagem que reforça o conteúdo pedagógico da capoeira ao apostar na formação de jovens lideranças.

Assista ao video divulgado pela ONU sobre o projeto no Congo

Coordenador do Gingando pela Paz, Flávio Saudade afirma que a capoeira contribui para mudar o cenário de violência nos países conflagrados com a guerra e fome, porque oferece um espaço de proteção, onde os jovens podem exercer alguns de seus direitos fundamentais. “Todos são úteis, necessários, especiais e contribuem para o crescimento do grupo. Este é o princípio para mitigar os traumas e o fascínio que a violência causa no ser humano, pois permite a transformação de dentro para fora”.

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A Capoeira expressa a história da resistência negra no Brasil, durante e após a escravidão. Seu reconhecimento reforça o valor desta herança cultural afro-brasileira, disse a UNESCO | Foto: divulgação

O recrutamento e a utilização de crianças em forças armadas é uma violação grave do direito internacional, mas, mesmo assim, milhares de crianças são forçadas a lutar e matar, sofrendo profundos danos físicos e psicológicos. Nesse contexto, a capoeira ajuda a amparar jovens recém desmobilizados, entre 12 e 17 anos, que estão no centro de trânsito e orientação de uma organização não-governamental congolesa (CAJED), apoiada pela UNICEF, em seu processo de ressocialização. Nesses locais, são enfatizados os valores de igualdade e respeito, além do foco mental necessário para aprender a forma de arte.

Saiba mais sobre a atuação do Viva Rio no Haiti

No Congo, bem como no Haiti, a capoeira teve um impacto positivo em ajudar as crianças a saírem das forças armadas para crescerem de forma saudável, longe da vida militar e próximas de suas famílias.

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No Congo,  a capoeira teve um impacto positivo em ajudar as crianças a saírem das forças armadas para crescerem de forma saudável, longe da vida militar e próximas de suas famílias | Foto: Stefano Toscano – UNICEF

Em junho, Flávio Saudade voltará à RDC para uma avaliação do programa de capoeira a convite da UNICEF. A ideia é levar o modelo do Gingando pela Paz para países como Honduras e Jamaica como um meio de reduzir a violência.

 (Texto Flávia Ferreira| Fotos Stefano Toscano – UNICEF)

 

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