ONU divulga relatório anual de drogas

O consumo de drogas no mundo permanece estável, segundo o Relatório Mundial sobre Drogas 2014 do Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNODC), divulgado recentemente. Cerca de 243 milhões de pessoas, ou 5% da população global entre 15 e 64 anos de idade, usaram drogas ilícitas em 2012. Usuários problemáticos de drogas, por outro lado, somaram 27 milhões, cerca de 0,6% da população adulta mundial, ou 1 em cada 200 pessoas.

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Relatório Anual sobre Drogas 2014 da Organização das Nações Unidas (ONU)

A divulgação do relatório foi feita em Viena (Áustria) nesta quinta-feira (26), concomitantemente com o Dia Internacional contra o Abuso de Drogas e Tráfico Ilícito. O chefe da UNODC, Yury Fedotov, chamou a atenção para necessidade de um foco maior na saúde e nos direitos humanos de todos os usuários de drogas.

O UNODC calcula que, em nível mundial, em 2012 (período em que o estudo foi realizado), entre 162 e 324 milhões de pessoas com idade entre 15-64 anos consumiram ao menos uma vez alguma droga ilícita, principalmente maconha, opiáceos, cocaína ou estimulantes anfetamínicos. Aproximadamente 180 mil pessoas morreram no mesmo período em eventos relacionados ao uso dessas substâncias. O número de dependentes é de 27 milhões de pessoas, 0,6% da população mundial adulta, o que significa que a cada 200 pessoas, pelo menos uma é dependente.

Cocaína

Apesar de uso no mundo ter se mantido estável, o relatório também mostra que o consumo e o tráfico de cocaína aumentaram na América do Sul, particularmente no Brasil. Este acréscimo ocorreu apesar da menor disponibilidade global da droga, com a queda na produção de 2007 a 2012. Na América do Norte, o consumo vem diminuindo desde 2006, embora continue elevado. Enquanto o uso e tráfico de cocaína parecem crescer na América do Sul, a África tem testemunhado um aumento no uso de cocaína devido ao crescimento do tráfico pelo continente, enquanto o aumento do poder de compra tornou alguns países asiáticos vulneráveis ao uso de cocaína.

“O Brasil detém aproximadamente metade da população da América do Sul; o que torna o país vulnerável ao tráfico (devido a sua posição estratégica em relação à Europa) e ao consumo de cocaína, devido à sua grande população urbana”, aponta o relatório.

Confira o mapa com mais dados sobre o consumo de cocaína.

Maconha

O World Drug Report mostra o Brasil também como um dos maiores mercados consumidores de maconha do mundo.

Globalmente, o uso de cannabis parece estar em declínio, mas a percepção de riscos menores à saúde levou a um maior consumo na América do Norte. Apesar de ser muito cedo para entender os efeitos de novos marcos regulatórios tornando legal o uso recreativo da cannabis em alguns estados dos EUA e no Uruguai sob certas condições, um maior número de pessoas procura por tratamento de transtornos relacionados à cannabis na maioria das regiões do mundo, incluindo a América do Norte. O relatório declara que ainda é cedo para entender o impacto que essas mudanças regulatórias terão no uso da maconha, tanto no que se relaciona à saúde, justiça, e gastos públicos. “Serão necessários anos de monitoramento cuidadoso para entender os efeitos advindos destas medidas para que possam orientar novas políticas e futuras decisões”.

Confira o mapa com mais dados sobre o consumo de maconha.

Drogas sintéticas

Nos EUA, Oceania, Europa e Ásia, aumentou o número de consumidores de “opiáceos sintéticos”, com preços menores e maior disponibilidade. A entidade constata também que a globalização do comércio químico facilitou o desvio de produtos químicos para a produção ilegal de drogas.

Apesar da dificuldade de quantificar a produção mundial de metanfetamínicos e estimulantes, o número de laboratórios desmantelados continua a aumentar, tendo sido considerável este acréscimo no México e também nos Estados Unidos, enquanto a Ásia está emergindo como um novo mercado. O continente, juntamente com a Europa, concentrou cerca de 80% das apreensões de “ecstasy” feitas mundialmente em 2012. As apreensões de metanfetamina mais que dobraram globalmente entre 2010 e 2012.

O relatório cita ainda a proliferação de novas substâncias psicoativas como um desafio: em dezembro de 2013, eram 348, contra 251 catalogadas em julho de 2012. As substâncias controladas internacionalmente são 234. O número de novas substâncias psicoativas não reguladas no mercado global mais que dobrou entre 2009 e 2013.

Confira o mapa com mais dados sobre o consumo de drogas sintéticas.

Outros destaques

Na Europa, a crise financeira parece ter influenciado o consumo, segundo o relatório. Um número maior de pessoas passou a recorrer às drogas mais pesadas e ao mesmo tempo em que o atendimento aos usuários diminuiu.

As Nações Unidas também alertam para o comércio cada vez maior de drogas através da internet. O mercado continua a aumentar e é difícil de ser combatido, já que a identidade dos proprietários e utilizadores dos sites é ocultada graças a elaborados métodos de dissimulação digital.

A ONU alerta ainda par ao aumento da área cultivada de ópio no Afeganistão, que aumentou 36%, alcançando 209 mil hectares em 2012. E cita como retrocessos o aumento da violência associada ao tráfico, e a instabilidade que ele ocasiona em muitas regiões, incluindo o oeste e leste da África, áreas já vulneráveis que vivenciaram aumentos tanto na produção como no consumo de drogas.

Para ler o relatório na íntegra, acesse este link.

(Texto: Renata Rodrigues / Imagem: ONU)

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