Como explicar a paixão incondicional que os cariocas possuem pelo Rio de Janeiro? Será que a alcunha tão famosa pode ser designada apenas aos nascidos na Cidade Maravilhosa? Essas e outras perguntas foram respondidas por alguns dos mais emblemáticos filhos do “purgatório da beleza e do caos” no documentário “CARIOCA – Os Caras e As Caras”, exibido em sessão especial de pré-estreia no Espaço Itaú de Cinema.
Concebido por Álvaro Rodrigues e Libero Saporetti, o filme reúne depoimentos de personalidades de diversas áreas de atuação na tentativa de decifrar o encanto e a magia do Rio de Janeiro. As cantoras Beth Carvalho, Fernanda Abreu e Alcione, os músicos Fausto Fawcett e Pedro Luís, os jornalistas Joaquim Ferreira dos Santos e Ancelmo Gois, o escritor Sérgio Cabral, a bailarina Ana Botafogo, o carnavalesco Paulo Barros, os rappers MV Bill e B Negão, DJ Marlboro e o ex-jogador de futebol Pétkovic fazem parte do extenso grupo de entrevistados do documentário, que também conta com a participação do diretor executivo do Viva Rio, Rubem César Fernandes.
“CARIOCA – Os Caras e As Caras” percorre diversas regiões do Rio de Janeiro, retratando lugares-comuns e resgatando a memória de locais menos alardeados através das lembranças de seus moradores ou ex-moradores ilustres. Autor de um dos maiores hinos da cidade, “Rio 40 Graus”, o Fausto Fawcett exalta a dualidade de Copacabana. “Um bairro que concentra os velhinhos e as zonas de prostituição mais famosos do Brasil”, define. Já o escritor Sérgio Cabral não economiza adjetivos ao falar de Cascadura. “Se o Rio tem a melhor folia do mundo, Cascadura tem a melhor folia do Rio”, garante.
O filme também investiga o fascínio internacional provocado pelo Rio de Janeiro, que transforma imigrantes de todas as partes do mundo em verdadeiros “cariocas”. É o caso do ex-jogador de futebol sérvio Dejan Petkovic, apaixonado pela cidade desde os tempos em que atuava pelo Flamengo, e do chef do Hotel Sheraton Roland Villard, fisgado pela vista de Copacabana há 17 anos. “Cheguei para conhecer a filial do Rio e, quando vi o mar, perguntei: ‘Onde tenho que assinar para trabalhar aqui?’”, conta o francês.
Os depoimentos dos personagens são acompanhados de uma bem-humorada retrospectiva histórica conduzida pelo professor Milton Teixeira, que remonta à fundação da cidade pelo militar português Estácio de Sá. “Estácio teve uma morte tipicamente carioca: foi atingido por ‘flecha perdida’ durante um conflito com uma tribo indígena, ou seja, facção adversária”, brinca o acadêmico, fazendo referência à batalha de Uruçu-Mirim (1567).
Quando perguntados sobre o que faz do Rio de Janeiro um lugar único, alguns entrevistados mencionam as belas paisagens e o clima tropical. Outros lembram-se da comida de boteco e da informalidade. No entanto, um traço chama atenção de todo o grupo: a mistura étnico-cultural da cidade, refletida na música, na gastronomia e nos hábitos diários dos cariocas das mais diversas origens. “Em várias cidades do mundo, também há essa ‘sopa’, mas ela é mais ‘pedaçuda’. As diferenças são mais aparentes”, afirma Fernanda Abreu. Ancelmo Gois, por sua vez, ressalta que o Rio é único local do mundo que não possui bairros étnicos. “Aqui não tem uma Chinatown, por exemplo. A geografia da cidade faz com que todos nos encontremos”, resume o jornalista.
O documentário “CARIOCA – Os Caras e as Caras” estreará na programação do canal a cabo GNT no dia 26 de fevereiro. Para assistir ao trailer, clique neste link.