Cachoeiras de Macacu recebe reforço escolar

Embora alguns alunos comecem a trabalhar às 5h na zona rural de Cachoeiras de Macacu e encerrem o expediente por volta das 18h, os inscritos nos cursos de aceleração escolar, promovidos pelo Viva Rio Socioambiental em parceria com a Secretaria Municipal de Educação, chegam às aulas “na maior animação”, como descreve a diretora da Escola Colônia Agrícola Knust, Mirian Lambardozi Belmont. Já há 40 inscritos na Knust – a maioria na faixa entre 18 e 50 anos – e outros oito pleiteiam vagas. Em 11 meses eles aprendem o correspondente aos três anos do segundo segmento do ensino fundamental, graças ao método Telecentro 2000, que adota as técnicas de ensino de Paulo Freire, introduzindo imagens – vídeoaulas – que remetem à vida cotidiana dos alunos e facilitam a apreensão.

Selma Ribeiro, cachoeirense de 41 anos, por exemplo, teve de interromper os estudos aos 17 anos, para trabalhar como balconista. De uma família de agricultores, separada há dez meses, com um filho adulto do primeiro casamento e outro de 4 anos, que vive com ela, está na turma de aceleração da escola Knust. Confessa que sente bastante dificuldade em acompanhar o ritmo das aulas e em alguns momentos chega a pensar em desistir. No entanto o desejo de melhorar de vida fala mais forte e o estado de espírito muda: “apesar de tudo estou muito animada. Meu filho pequeno também entrou na escola e é bom poder pensar numa vida melhor”, desabafa Selma, que alimenta o sonho de trabalhar como secretária.

Aulas de aceleração escolar beneficiam zona rural de Cachoeiras de Macacu

Na parceria com o Viva Rio, a secretaria de Educação também certifica os participantes. Os cursos, das 18h às 22h, começaram em fevereiro, na Knust, em Serra Queimada; na Ernestina Ferreira Campos, também com 20 inscritos,  e na Funchal – ambas em Guapiaçu -, com 40 inscritos. Como observa a coordenadora de Desenvolvimento Socioambiental do Viva Rio, Glaucia Viana, outro facilitador do aprendizado é o fato de as aulas serem sequenciais. “Nos primeiros três dias da semana eles têm aulas de língua portuguesa e nos outros dois, de história. A ausência de quebras no conteúdo ajuda  no aprendizado de forma mais rápida”, esclarece.

O primeiro módulo é composto por aulas de português e de história. O segundo, reúne ciências e matemática e o terceiro, geografia e inglês. “O inglês não é obrigatório, mas como o idioma estrangeiro está inserido no currículo das escolas públicas e particulares, o Viva Rio resolveu disponibilizar esta cadeira”, explica Gláucia. Cada cadeira tem um professor, cujo papel é justamente fazer a ligação entre as aulas e a realidade dos alunos. Por exemplo, quando eles aprendem sobre os corpos hídricos, como os rios, eles têm aulas fora da escola, nos próprios rios, para melhor compreenderem o assunto.

(Texto: Celina Côrtes/Foto: divulgação)

 

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