Projeto ‘De Olho no Lixo’ é lançado na Rocinha

16/6/2016

Lançado nesta quinta-feira (16), na Quadra da Roupa Suja, na Rocinha, zona Sul, o projeto De Olho no Lixo pretende promover uma profunda transformação sobre o comportamento da comunidade em relação aos resíduos. “Nosso objetivo é aprender fazendo, não há receita de bolo. Vamos construir esta realidade juntos com a comunidade”, resumiu o secretário de estado do Ambiente, André Corrêa. Segundo o presidente da União Pró-Melhoramento dos Moradores da Rocinha (UPMMR), Carlos Eduardo Barbosa, o Duda, são 180 mil habitantes na comunidade.

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Lançamento do projeto De Olho no Lixo, na Quadra da Roupa Suja, na Rocinha| Foto: Rodrigo Anis

Executado pelo Viva Rio Socioambiental, o projeto construído em parceria da Secretaria de Estado do Ambiente (SEA), do Instituto Estadual do Ambiente (INEA), tem financiamento da Associação dos Supermercados do Estado do Rio de Janeiro (Asserj). “Neste projeto não há recursos públicos envolvidos. É uma parceria com a Associação de Supermercados do Rio de Janeiro (Asserj)”, acrescentou o secretário, que pretende levar o projeto para diversas comunidades do estado.

Em 40 dias, já foram removidas 95 toneladas de resíduos de pontos estratégicos da comunidade. “Por enquanto, o lixo retirado das valas e ruas da Rocinha é encaminhado para os pontos de coleta da Comlurb”, informou Márcia Rolemberg, coordenadora do Viva Rio Socioambiental. Com 30 meses de duração, o projeto tem o objetivo de diminuir a quantidade e minimizar o impacto do resíduo na Rocinha e bairros vizinhos, ao transformar aspectos negativos em oportunidades e melhorias para a comunidade, promover a geração de renda local e a cidadania ecológica, a partir de tecnologias sociais e projetos sustentáveis e do desenvolvimento de ações integradas de mobilização, comunicação, educação, arte e cultura socioambientais.

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Crachás feitos com material reciclado|Foto: Rodrigo Anis

Segundo Márcia, o projeto atua em dois eixos, o operacional – no qual 30 agentes, 2 fiscais e 2 supervisores socioambientais, todos moradores da Rocinha, contratados pelo Viva Rio, atuam diretamente na remoção dos resíduos. Eles vão receber formação para promover geração de renda a partir do lixo no Centro de Triagem de Resíduos (CTR), que será implantado pelo projeto.

O outro eixo, de educação ambiental, cultura e comunicação, pretende evitar a continuidade de lançamento dos resíduos pelos moradores e transformar o lixo em arte e renda. Auxiliada por imagens, ela mostrou resultados já alcançados em locais de difícil acesso, como o Lajão, do qual já foram removidas 86 toneladas de lixo em 40 dias. “Nossos próximos passos serão a criação de um ‘lixômetro’, para contabilizar a quantidade de lixo removida por mês em cada um dos pontos priorizados pela equipe e a montagem do CTR, na Roupa Suja”, antecipou.

Além da Associação de Supermercados do Rio de Janeiro (Asserj), estiveram presentes no evento representantes do Instituto Brasileiro de Administração Municipal (Ibam), Federação das Indústrias do Rio de Janeiro (Firjam), Cedae, Comlurb, do movimento Salvemos São Conrado, do Shopping Fashion Mall, Instituto E, Frei Sandro (Paróquia Franciscana Nossa Senhora da Boa Viagem da Rocinha), Escola de Surf da Rocinha, 27ª R.A. da Rocinha, Bando Cultural Favelados, Favela Verde e Grupo Carteiro Amigo, entre outros.

Resultados

E se os resultados da remoção de lixo já são visíveis não apenas na comunidade, como na Praia de São Conrado, onde os detritos acabam por desembocar, o que mais empolgou os participantes do lançamento foram os frutos de duas iniciativas que incentivam uma nova cultura do ambiente, os cursos Eco Moda e Funk Verde, com inscrições abertas. Sob exclamações coletivas de “oh!”, o estilista Almir França exibiu o vestido confeccionado com emendas de retalhos, assim como outras peças feitas com resíduos. “Não é só tirar o lixo, mas o que fazer com ele”, observou França.

EcoModa

Almir França apresenta o vestido em Sheila Kay e produtos reciclados|Foto: Rodrigo Anis

 

O que esquentou o sangue nas veias, porém, foi o som contagiante do Funk Verde, comandado por Regina Café, coordenadora do curso. Os participantes da oficina, que também prevê a capacitação musical, usou os instrumentos compostos com resíduos, como os chocalhos e ganzás feitos com embalagens descartadas de iogurte recheadas de sementes ou ainda com madeira velha e tampinhas de refrigerante, além do reuso de bombas de óleo, que viram tambores e tamborins.  Repetindo o refrão “Funk Verde tem que verdejar, reciclar é vida” a cantora Dany Black soltou a voz para interpretar o funk lançado por Regina no evento.

Cantora de funk

A cantora Dany Black solta a voz na interpretação do ‘Funk Verde’| Foto: Rodrigo Anis

Ecobanda

Regina Café, coordenadora do ‘Funk Verde’, à frente dos ritmistas da oficina|Foto: Rodrigo Anis

instrumentos

Todos os instrumentos do curso são feitos com resíduos de lixo|Foto: Rodrigo Anis

O lançamento terminou com uma caminhada pelos participantes até o Lajão, com acesso demarcado pelo logotipo do projeto De Olho no Lixo. Lá de cima, o secretário do Ambiente pôde comparar a encosta, ao vivo, com a imagem da aparência anterior aos 40 dias da remoção, estampada em uma grande foto fixada no local. “É impressionante”, admitiu André Correa.

Lajão

Já foram recolhidas 86 toneladas de lixo do Lajão, em 40 dias| Foto: Rodrigo Anis

(Texto: Celina Côrtes| Fotos: Rodrigo Anis)

 

 

 

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